segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Apito amigo?


Com o fim da trigésima primeira rodada o Cruzeiro ficou muito, mas muito próximo do título. Apenas um desastre tiraria esse título das mãos da raposa mineira, que pode confirmar o seu título com uma considerável antecedência caso vença os próximos dois desafios. Mas isso não minimiza, de forma alguma, o incomodo de todos em ver o Cruzeiro à frente. 


Agora somaram ao coro uma historinha de que o Cruzeiro está sendo ajudado nesse campeonato, algo que está totalmente fora da realidade do que tem acontecido até aqui. Cruzeiro foi muito mais prejudicado do que ajudado. O gol impedido contra o CAP, o penalti que não foi dado contra o Corinthians, claro, segundo a crônica esportiva paulista. Eu acho que o juiz errou sim na expulsão do Sueliton nesse último jogo, e concordo que no 11 contra 11 a historia PODERIA ser outra. Mas nada garante. Quem viu o jogo sabe que o Cruzeiro era superior, o Criciúma teve 6 minutos de bom jogo no final da etapa inicial, e aproveitaram bem os erros de marcação para marcar os dois gols da virada. (desconsidero o gol de falta porque foi muito bem cobrada, mas em um momento atípico).



Todos sabiam que o Cruzeiro voltaria forte para a etapa final, e que, no mínimo, arrancaria o empate. Mas, realmente, com a expulsão, o time pode fazer isso com enorme tranquilidade e, vejam bem, fez 3 gols, mesmo com o Criciúma totalmente fechado. O Fluminense perdeu em casa com 1 a mais desde a etapa inicial, para o Vitória. Foi uma rodada especialmente dura com um total de 6 expulsões. O erro ocorreu, sim, mas foi exatamente isso, um erro. A jogada foi rápida e o Willian cavou bem. Juiz não tem TV ali na hora para poder reavaliar seu julgamento, embora realmente dar o cartão, e não somente a falta, seja uma atitude meio caseira. Talvez o cartão no primeiro tempo pudesse ter sido evitado também, de forma que considero que a expulsão foi sim injusta.



Apesar do erro, entretanto, o Cruzeiro mereceu a vitória. Erros acontecem contra todos e sempre vão acontecer, até que a FIFA admita o uso de tecnologia. Até lá, vamos ver sempre os nossos times serem beneficiados ou prejudicados. O bom de um campeonato de pontos corridos é que essas coisas, erros pontuais, são minimizados. É claro que existem erros sistemáticos, e são esses que tem de ser investigados. Talvez mesmo para erros pontuais seja necessário algum tipo de punição, algo que force o arbitro a se preparar melhor, mas esse é um outro debate.


Querer creditar um eventual título Cruzeirense a erros de arbitragem é o mesmo que atribuir aos apagões do Independência no jogo contra o NOB o título do Atlético-MG na Libertadores. Eles foram pontuais, e aconteceram na mesma medida a favor e contra (eu, como torcedor, acho que ocorreram mais erros contra, mas não fiz uma análise detalhada). O Cruzeiro, se vencer, o fará por méritos próprios, por jogar bola bem, abrir uma vantagem em um campeonato extremamente disputado. Não tem como desmerecer essa campanha celeste!


Tão dizendo que se o jogador do Criciúma não tivesse sido expulso a história seria outra. Talvez, embora eu ache que o Cruzeiro tinha plenas condições de virar mesmo no 11 contra 11. Mas, enfim, é como dizem: "se vaca voasse chovia leite".

domingo, 22 de setembro de 2013

Pênalti pro Curintia


Essa imagem acabou se tornando bastante emblemática. Mais uma demonstração de má fé da imprensa do Eixo, vejam bem. Explico o porque: pra mim foi pênalti! E eu sou cruzeirense. Tá, eu sei, todo mundo reclamou, muita gente acha que não foi, e, no final das contas, tudo o que eu tenho a dizer é que esse lance foi discutível, mas dificilmente eu o classificaria como um 'roubo' do árbitro. Mas, então, porque eu estou colocando a mesma como uma demonstração de má fé da imprensa do Eixo? Ora, fazem parecer que esse foi o único lance polêmico do jogo, o que está bastante distante da verdade. Esse pênalti só se tornou duvidoso, discutível, e razão de inconformação da nação celeste por causa de todas as outras vezes em que a arbitragem foi tendenciosa nesse jogo. Por exemplo: existiram outros três lances que poderiam ter resultado em pênalti a favor do Cruzeiro, todos eles discutíveis e dois deles, na minha opinião, muito mais claros do que o pênalti sobre o Ronaldo. Isso fora a quantidade de faltas não marcadas e os impedimentos inventados pelos auxiliares, um deles impedindo o seguimento de uma jogada que muito provavelmente resultaria em gols. E olha que na época todos esses erros foram até abordados pela mídia de São Paulo, como podemos ver no vídeo abaixo:

  
                              

No final das contas, entretanto, a mídia resumiu todos os erros de arbitragem a um único lance capital, sendo esse, de fato, discutível (e, como eu disse, na minha opinião foi sim pênalti). Dessa forma, todos os outros erros foram minimizados e toda a revolta cruzeirense ficou parecendo choro desnecessário. E sabem o que isso nos custou? Nada mais, nada menos do o título de 2010! Terminamos o campeonato em segundo colocado, 2 atrás do Campeão Fluminense. O Corinthians, mesmo com todos os favorecimentos ao longo da competição, terminou em terceiro colocado.

E porque estou trazendo isso à tona, quase 3 anos depois? Ora, logo mais teremos um jogo contra o Corinthians, que, esse ano, figura a nona colocação, 19 pontos atrás da gente, que lideramos. Dificilmente o time paulista brigará pelo título, é uma diferença muito grande para ser tirada em 16 rodadas. O Corinthians vem de uma péssima sequência de 5 jogos sem vencer, alguns contra adversários bastante frágeis, como o Náutico, com quem empatou em casa. Já o Cruzeiro vem de uma avassaladora sequência de 8 vitórias, enfrentando adversários diretos ao título e apresentando um futebol convincente. Agora pergunte a qualquer cruzeirense se ele está confiante para o jogo. Todos consideram esse jogo muito difícil, acham o resultado incerto e preferem não cravar ma vitória. As razões, observem, não é a qualidade do rival, mas sim esse histórico bizarro de favorecimentos em detrimentos de clubes de fora do Eixo. O pior, mesmo em um ano em que o Corinthians não foi amplamente beneficiado esse temor existe.

Em 2005, em uma virada de mesa estarrecedor, vimos o Corinthians ganhar de presente um título nacional, arrancado das mãos do Internacional. Em 2009 vimos o Corinthians ser beneficiado diversas vezes e conquistando o título da Copa do Brasil. Na ocasião até mesmo o PVC, da ESPN, se revoltou com a sequência de favorecimentos.
                             
                                     

Infelizmente os favorecimentos ao Corinthians são uma constante na história recente do Campeonato Brasileiro. É natural que torcedores de outros clubes temam que eles voltem a acontecer, sobretudo em momento chave como o de hoje. E é muito triste que esse sentimento exista, tanto para os torcedores dos outros times quanto para os próprios torcedores do Corinthians, penso.

Para o jogo de logo mais, acredito ser possível vencer o time paulista, e acho que não veremos um favorecimento da arbitragem e, se virmos, talvez sejam fruto de erros, e não de uma intenção sistematizada e preponderada. Mas é lastimável que a situação tenha escalonado para um contexto em que todo e qualquer time que enfrente o 'Timão' tenha de conviver com o medo constante de ser prejudicado.


sábado, 21 de setembro de 2013

A "Mídia do Eixo" e seus delírios


Essa chamada para a crônica do jogo dentre Coxa e Fluminense foi o estopim que eu estava esperando para poder voltar a escrever aqui no blog. Impressionante o fato de que em um ano tão bom para o meu time do coração eu não tenha escrito muito por aqui, que não as previsões e leituras para o Brasileirão desse ano que fiz ainda em Maio (e que estavam até razoáveis). Mas, enfim, voltando em grande estilo, com o Atlético-MG campeão da Libertadores e o Cruzeiro em primeiro lugar disparado do Brasileirão, temos um ano que, até aqui, tem sido maravilhoso para o futebol de Minas Gerais, com seus dois principais clubes vivendo bons momentos. Mas não para por aí: se analisarmos a tabela vamos perceber que os times do Eixo estão distantes da briga pelas pontas, com a louvável exceção do Botafogo, vice-líder. O time da Estrela Solitária está, bem, bastante solitário no que diz respeito a seus conterrâneos, que figuram das partes intermediárias da tabela para baixo. São Paulo esse ano está ainda pior: Palmeiras na série B, e o time do estado mais bem colocado na tabela é o Corinthians, nono colocado. Notem que estou postando isso no início da vigésima terceira rodada, e tudo isso pode mudar. Mas distante como está do líder, Cruzeiro, é pouco provável que qualquer time de São Paulo possa brigar por título ainda esse ano.

Voltando à chamada do portal Globoesportes, me impressiona do eixo a capacidade da mídia de desmerecer, na cara dura, os times de fora de seus domínios. Chega a ser engraçado, de tão vergonhoso. O Fluminense continua sem perder, uma leitura possível para uma sequência de empates, enquanto o Coxa mantém série sem vitórias, uma outra leitura possível. Mas, na realidade, nenhum dos dois times perdeu ou ganhou. A palavra empate já implica nisso. Pior, o jogo foi no Maracanã e, pelo que me consta desde que eu comecei a acompanhar futebol, empatar fora de casa com um "dos grandes" foi sempre considerado um resultado positivo. Tá, talvez eu esteja exagerando em minha reação, mas na verdade isso é só uma introdução para o que eu realmente gostaria de falar aqui hoje: a mídia do Eixo adora desmerecer os feitos dos times de fora de seus domínios.

O Cruzeiro é o líder absoluto do campeonato, sete pontos à frente do segundo colocado. Tem apresentado um futebol convincente, fruto de um planejamento que vem desde o ano passado, com a política de austeridade da diretoria para levantar caixa e sanar os problemas financeiros do clube. Teve de se desdobrar quando perdeu seu principal jogador, o possível carro chefe do novo time que seria montado e, com o excelente dinheiro da sua venda iniciou a montagem de um elenco de sonhos, que nem o mais otimista dos cruzeirenses esperaria ver ainda esse ano. Pode parece exagero, mas depois de quase 3 anos longe de casa (o Mineirão) e com dois anos de performances vexatórias na principal competição nacional, é com muita alegria que vemos nosso time liderar a competição, com certa folga, e encaminhar um título que será muito bem vindo! Claro, não tem nada ganho, somos vacinados contra o espírito de já ganhei e tenho certeza que toda a torcida só vai comemorar quando o título for matematicamente garantido. Ejaculação precoce nunca mais!

Agora, como reage a mídia? Já vi inúmeras vezes jornalistas do Eixo falarem que o Campeonato esse ano esta muito fraco. Como assim está fraco? Temos um campeonato extremamente competitivo, como tem sido todos os anos, a diferença do décimo sétimo colocado Criciúma (primeiro na zona de rebaixamento) para o quarto colocado Atlético-PR (primeiro na zona de classificação para Libertadores) é de apenas 14 pontos! Temos diversos times com elencos respeitáveis, como Atlético-MG, Grêmio, Internacional e Corinthians, fora times que estão bem encaixados ou apresentando bom futebol, como o Atlético-PR, Goiás, Botafogo. Então campeonato bom é só quando temos vários times do Eixo nas pontas? O Campeonato é o mesmo, com 20 times, todos os anos. As vezes temos uma redução na qualidade técnica sim, sobretudo no meio do ano, mas isso ocorre todo santo ano. Ainda temos grandes craques internacionais jogando nos nossos gramados, como Ronaldinho, Seedorf, Forlán, Júlio Batista, Zé Roberto. A impressão que eu tenho é que não conseguem admitir que a campanha do Cruzeiro, fruto de intenso planejamento, é soberba. Temos a maior quantidade de pontos da história na vigésima segunda rodada. Temos apresentado um futebol de qualidade, com um grupo que consegue repor qualquer peça sem muita defasagem técnica ou tática. Mas, para a mídia bairrista do Eixo, isso só pode acontecer porque "está nivelado por baixo". Isso é um absurdo, sinceramente. Até dá pra se admitir torcedores de times rivais fazerem isso, mas jornalistas? É lastimável. O Corinthians tem praticamente o mesmo time do ano passado. Saiu o Paulinho, que era peça importante, mas e quanto aos jogadores que chegaram? Contrataram o Pato por 40 milhões de reais, quase o mesmo preço de todas as contratações do Cruzeiro juntas. Agora, paciência que o cara não renda o mesmo do que 15 contratações bem pensadas.

É um péssimo ano para os times do Eixo, é verdade. Mas isso, pra mim, é ótimo para o futebol brasileiro. Já são 9 anos vendo times do eixo vencer a liga nacional. Já passou da hora de alguém de fora vencer! E, se vencer, vai ser por competência, por qualidade e por planejamento. Que a mídia do eixo, bairrista como é, continue delirando e achando que o campeonato só é bom quando os times de Rio e São Paulo vencem. Pra gente isso não interessa, só queremos o caneco!


O campeonato segue em frente, ainda faltam 16 rodada, tempo o suficiente para que muita coisa mude. A vantagem cruzeirense é excelente, e o momento do time é bom, com muito potencial ainda para que possa evoluir. Que dê tudo certo e que consigamos terminar esse ano com o título. E com um ano maravilhoso para Minas Gerais.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Dois pontos perdidos

Então enfim aconteceu a estreia do Internacional no Campeonato Brasileiro. Jogo duro em Salvador diante do rubro negro baiano e ao final um empate que se mostrou razoável diante das circunstâncias do jogo. Mas se o empate se mostrou razoável qual o sentido do título do texto? A explicação é que o Internacional perdeu dois pontos na Bahia nesse sábado. Primeiro por não ter entrado em campo nos primeiros minutos de jogo e ter tomado dois gols em 11. É muito difícil correr atrás tendo dois tentos de desvantagem em tão pouco tempo de partida. Segundo por não ter forçado um pouco mais na segunda etapa para conseguir o terceiro gol. Em um campeonato de pontos corridos qualquer ponto faz diferença. Longe de querer menosprezar o adversário, era um jogo que dava para vencer, mas o colorado sofreu com algumas peças que não funcionaram e teve que se contentar com o 2x2.

Destaques Negativos
O goleiro Agenor se mostrou nervoso e na minha opinião deveria ter saído para dar um soco na bola no lance do segundo gol baiano. Não gosto de queimar jogadores e me julgo até muito paciente, mas o Rafael Moura até agora não rendeu nem um décimo do esperado, passou longe daquele centroavante dos tempos de Goiás e Fluminense, não sei o que acontece  visto que ele vem recebendo oportunidades e novamente não correspondeu.

Destaques Positivos
Fred jogou muito, abriu espaços, procurou o jogo, fez a belíssima jogada do gol do Forlán e no fim foi coroado com um belo lançamento do D’Alessandro onde só teve o trabalho de desviar do goleiro que vinha saindo, bela atuação do garoto. Quero exaltar também o poder de reação da equipe e a capacidade de reorganização do treinador Dunga, que diante de dois gols de desvantagem conseguiu reanimar o grupo que foi atrás da igualdade.

Conclusão
O jogo foi terrível para o Inter nos primeiros minutos, porém a reação da equipe acabou fazendo a diferença e o empate até que serviu, no entanto era um jogo que poderia ter nos rendido a vitória, que eu e todos os colorados esperamos que venha nesse meio de semana contra o recém-promovido Criciúma. Espero que os erros da primeira jornada sejam corrigidos e possamos terminar a segunda rodada com 4 pontos na tabela.

Saudações coloradas.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Começa a jornada!

Olá!
Após um breve hiato que englobou quase o todo o primeiro semestre de 2013, volto a escrever  aqui a respeito das expectativas para o time colorado nesse campeonato brasileiro que começa no próximo fim de semana. Claro que é muito cedo para especulações ou palpites, mas fazendo um breve comparativo com o final de 2012 estou até que bem otimista, visto que a principal deficiência do fim de 2012 parece que foi sanada: comando de vestiário. Sempre achei o Dunga injustiçado, tá certo que ele perdeu a copa da África do Sul, mas pareceu-me naquela ocasião que todo o trabalho anterior foi esquecido pelos torcedores e o capitão do tetra foi execrado por grande parte da torcida e imprensa especializada. Seu sucessor apresentou resultados muito abaixo dos dele e creio eu que o atual também não será superior. Porém a vida segue e as feridas cicatrizam e nesse ano de 2013 o torcedor colorado já tem um bom motivo para esperar um ano melhor que o que passou. Dunga vem se mostrando um profissional exigente, comprometido e tem o grupo nas mãos, sem exceção. Isso não é garantia de títulos, mas pode ser que seja um bom início ou será que ninguém se lembra de como foi a vontade do time colorado nos quatro jogos antes do derradeiro grenal do nacional passado? Pois é, penso eu que com o Dunga na casamata, se perdermos, perderemos tentando ganhar e isso é o mínimo que qualquer torcedor, independente de equipe, espera do seu time.
Dunga em pouco mais de quatro meses de trabalho já conquistou o título gaúcho, vencendo os dois turnos sem dar chance alguma para qualquer adversário, provando que com ele qualquer taça é válida, até porque pior que ganhar o estadual, é perder o estadual. Os torcedores rivais podem até desdenhar do “ruralito”, afinal o projeto de repente poderia ser mais importante, no entanto projeto não dá caneco e isso foi provado na última quinta-feira.
Estamos começando mais um campeonato brasileiro e espero que o Internacional vá em busca do título que já bate na trave há alguns anos (2005 foi garfado mesmo), afinal foi o único que não vi e seria muito importante. A torcida anseia muito por essa conquista, as outras estão ainda frescas na nossa memória e a falta do Beira-Rio esse ano pode ser substituída por esses anos todos sem ganhar a taça mais importante do país. Confio no treinador, no time e alguns reforços pontuais podem sim nos credenciar a acabar com essa longa espera. É esperar pra ver...

Saudações coloradas.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Tirando as Teias




Depois de alguns bons meses eu retorno às atividades do Blog.



A verdade é que eu fico bastante desestimulado de escrever nesse período dentre  o fim do Brasileiro e o seu recomeço, sobretudo quando o meu time não está na Libertadores. Ao contrário do que se pensa do torcedor, não faço o tipo que assiste jogos para secar. Quando vou ver um jogo no máximo é para tomar conhecimento de um eventual adversário, ou então para assistir um bom futebol. Foi o caso do jogo de volta das oitava da Libertadores, dentre Atlético-MG e São Paulo. Mas confesso que foi o único jogo que assisti na íntegra de algum clube que não o Cruzeiro nesse ano.

Não tenho dúvidas de que o Atlético Mineiro tem um bom time, talvez, sim, um dos melhores da América, com certeza o foi nesse primeiro semestre. Mas fase de grupos de Libertadores costuma enganar, para o bem ou para o mal. Me lembro bem do meu desânimo em 97, depois de conseguir o acesso com aquela maravilhosa vitória sobre o Palmeiras no estádio do nosso grande rival da década de 90, que nos valeu o título da Copa do Brasil de 96. Na Libertadores dávamos a impressão que sairíamos de forma vexatória, perdendo as três primeiras partidas! Mas o time cresceu, foi ganhando confiança e, graças sobretudo às brilhantes atuações de nosso goleiro Dida, nos sagramos campeões. Já em 2011 fizemos uma campanha ainda mais avassaladora que a do Atlético nesse ano (5 vitórias e 1 empate) apresentando um futebol que, na minha opinião, era ainda melhor. E caímos de forma vexatória logo nas oitavas para o quase irrelevante Once Caldas (que depois descobri que também eliminou o São Paulo de Cuca, em 2004).

A queda dos quatro Brasileiros nessas oitavas serviu para mostrar que essa competição não é brincadeira. Caíram como favoritos, com a exceção do São Paulo, que nunca foi favorito, apesar dos gritos da imprensa paulista. E, sendo honesto comigo mesmo, essa é a grande chance do Atlético-MG. Se eles fizerem o dever de casa e o Cuca manter a cabeça no lugar esse é o momento dos rivais alvi-negros conquistarem esse caneco. Nenhum cruzeirense quer admitir isso, mas no fundo, nos bastidores das nossas emoções, a gente sabe que as chances deles são grandes e para a maioria resta secar e torcer contra, algo que eu evito fazer! Sou da opinião que vence sempre quem merece vencer. É até meio óbvio isso, mas nesse universo complexo do futebol, merecimento em si é uma coisa tão complexa que destitui a obviedade de forma quase imediata. Mas chega de Libertadores. Vamos falar de Brasileirão.

Logo teremos a volta da competição mais importante do país, e acredito eu que todo cruzeirense está tão ansioso quanto eu. Ao contrário do que aconteceu nos dois últimos anos, hoje percebemos um trabalho de qualidade por parte de nossa diretoria, indo atrás de grades nomes do futebol no esforço de construir um dos melhores elencos do país. Pode soar arrogante fazer essa declaração, mas percebam que estou falando de um universo de 5 ou 6 times que vão disputar o título e tenho razões para acreditar que o Cruzeiro será um desses. Odeio ficar dando palpites, mas considerando esse início de ano, o fim do ano passado, acredito que veremos Atlético-MG, Fluminense, Corinthians, Cruzeiro e Grêmio disputando a ponta do campeonato, com Botafogo, São Paulo e Internacional correndo por fora. O Santos eu não sei muito o que esperar, sobretudo porque ainda não se sabe o tamanho do desmonte que irão sofrer agora no meio do ano. Aposto na saída de Neymar e torço pela vinda do Arouca, que é especulado no Cruzeiro.

Justificando a minha crença no Cruzeiro, eu aponto os nomes que compõem o nosso elenco e que eu tenho muita expectativa:

Dagoberto está em uma crescente, melhorando a cada jogo, e parece estar bem fisicamente. Nesse primeiro semestre foi, talvez, nosso jogador mais regular. Tem tudo para ser um protagonista e líder nesse time renovado do Cruzeiro.

Everton Ribeiro tem muita qualidade, mas oscila bastante, sendo que as vezes desaparece dentro de campo. Mas é nosso jogador mais habilidoso, e talvez o mais rápido. Acho que tem que treinar bastante as finalizações, pois ainda é meio fraco nesse fundamento.

Diego Souza é sempre uma incógnita. É o tipo de jogador de qualidade inquestionável, mas que passa sempre a impressão que está jogando apenas uma parcela de tudo o que sabe. Acredito que o Marcelo Oliveira, nosso técnico, tem aproveitado muito mal suas características ao escalar ele de meia ofensivo central, a posição que normalmente é destinada ao playmaker (criador de jogadas). Não é característica do Diego Souza, e ainda sofremos pela sua displicência em ajudar a recompor a marcação. Ele tinha que jogar mais perto do gol, onde poderia aproveitar melhor sua força física e boas finalizações. Isso é o que eu penso, pelo menos.

Ricardo Goulart é outro jogador que oscila bastante. Normalmente entra no lugar de Diego Souza, e nessa posição tende a dar mais velocidade ao time, sobretudo pela qualidade de seu passe. Mas chega muito bem a frente, também, e já mostrou que consegue ter explosões de velocidade quando necessário. Penso que Ricardo tem lugar no time titular, eventualmente. Tem que crescer, tentar alcançar uma maior regularidade, mas é jovem e tem muita qualidade.

Borges tem fama de ser um “jogador de uma temporada”, já que sempre chega muito bem aos times, mas apresenta uma queda significativa de qualidade na segunda temporada. Foi assim em muitos times de sua carreira. A idade relativamente avançada e a sequência de lesões mostram que não é um jogador confiável para a sequência da temporada, e penso que seus substitutos diretos deixam muito a desejar (Anselmo Ramon e Vinícius Araújo), sobretudo considerando que provavelmente terão de assumir a titularidade em muitos momentos do campeonato. Além disso Borges teve uma queda de produção nos últimos jogos.


Lucca e Martinuccio são jogadores importantes que estavam em recuperação nesse começo de ano. Mas a expectativa é grande. Martinuccio foi nosso principal jogador no final do Brasileiro passado, assegurando uma posição confortável na parte intermediaria da tabela. Já Lucca foi destaque na série B até se lesionar por um longo período. Todos sabiam que se ele retornasse com a qualidade que mostrou no antes da lesão, seria um jogador importante. Ele já se recuperou, e seu desempenho nos treinamentos já mostrou que ele pode sim se destacar no time azul estrelado. São jogadores que vão somar muito ao time, e que vão disputar vaga com Dagoberto e Everton Ribeiro, principalmente.

Temos ainda o Élber, que costuma entrar muito bem no segundo tempo quando acionado. Não sei se tem ainda cacife pra titularidade, mas é um jogador que poderá ser muito aproveitado na sequência do campeonato.

Por fora correm os reservas absolutos, que só entrarão numa eventual maré de lesões: Ananias e Luan. Acredito que a diretoria deveria ceder ao desejo de Luan e permitir seu retorno ao Palmeiras, pois acho que não terá espaço aqui. O Ananias nem deveria ter vindo, mas se aqui está que treine e se esforce para beliscar oportunidade, que seja no banco.

Nossos volantes são, talvez, os jogadores que mais geram desconfiança do torcedor. Nilton foi o mais regular, embora ainda precise melhorar alguns fundamentos. Primeiramente, esperava menas afobação por parte dele. É importante arriscar os chutes de fora da área, mas tanto se fala da qualidade do chute dele e tudo o que vi foi uma série de chutes afobados, impulsivos e desnecessários, tendo ele anotado um tento. Precisa treinar essas finalizações e, até que as tenha aprimorado, tentar jogar mais simples. Ao contrário da maioria não acho o Leandro Guerreiro de todo ruim, é um jogador razoável, mas que tem idade avançada e que, talvez, não mereça a titularidade. Deve ter uma disciplina exemplar, pois vem treinador, vai treinador, ele continua no time titular. Esperamos ansiosos pela chegada de um outro volante, de qualidade. Mas ainda temos bons nomes no elenco, como o Tinga, que tem entrado muito bem, dando velocidade ao time (apesar da idade), a nossa grande promessa, o Lucas Silva, que merecia mais oportunidade e, por fim, o lesionado Henrique, que teve complicações e deve demorar a retornar. Uma pena, pois era nosso provável titular. Essa é, com certeza, nossa posição mais carente. O Uelington não sei o que dizer, vi pouco do seu futebol e o que vi não me agradou muito.

Os laterais seguem nossa tradição dos últimos 7~8 anos. Uma boa dupla de laterais direito, um mais experiente, mas com qualidade, e uma jóia a ser lapidada e que poderá, logo logo, assumir a titularidade (Ceará e Mayke). Na esquerda temos os questionados Everton e Egídio. Ambos tem características ofensivas e qualidade nesse ofício, mas deixam muito a desejar defensivamente. Particularmente, gosto do futebol de ambos, mas concordo que sobrecarregam nossa zaga, prova disso é que a maioria dos nossos adversários jogam em cima dessa falha. Além do mais, ambos conseguiram se desgastar com a torcida com falhas graves e infantis nos dois jogos do clássico, na final. Esses fatores elevam nossa carência na lateral esquerda a um status de prioridade.


Dedé veio, para a nossa alegria, ser o xerifão nessa zaga do Cruzeiro, que, pra mim, já está muito boa. Desconsiderando algumas falhas bobas em alguns jogos, Bruno Rodrigo mostrou que tem qualidade. Mas pra mim a titularidade deveria ser do Paulão, contanto ele aprenda a ser mais cuidadoso dentro da grande área, pois não pode ficar cedendo penalidades bestas. Paulão é um jogador que cresce, que joga com a torcida, e por isso pode ser chave em jogos decisivos, como o foi no último jogo do Mineiro. Além do mais, ao contrário do que faz pensar alguns, ele não é um grosso! Pelo contrário, já mostrou que sai jogando bem e tem um passe razoável. Não sei exatamente se funcionaria essa dupla, Dedé e Paulão, mas confesso que é a ideia que mais me agrada. Na reserva, Leo e Thiago Carvalho correm por fora, mas podem entrar com relativa qualidade se exigidos. Por fim, temos a nossa grande incognita: Victorino. Muitos ainda acreditam no futebol dele, outros acham que é um enganador. Pra mim pode somar, ainda. É um zagueiro muito técnico, com muita qualidade no passe, e que se tiver seriedade pode ser sim um jogador importante. Eu recomendaria ao Marcelo Oliveira experimentar esse jogador como volante, pois suas características apontam para uma potencial qualidade nessa posição. Temos ainda o Nirley, que pra mim só servirá para compor elenco.

No gol estamos tranquilos: Fábio não é o melhor do Brasil, mas é um goleiro muito bom, um líder para esse time e seu substituto direto já mostrou que não deixa a desejar quando acionado. Particularmente eu gostaria de ver uma troca na posição. Não porque questiono a qualidade do Fábio, mas porque pelo tempo dele no clube, acho que acabou sendo um símbolo de um período pouco vitorioso do nosso time. Mas não é, de forma alguma, prioridade. Só acho que com o resto do time acertado, quando isso acontecer, talvez valha a pena repensar a posição, seja chamando alguem de fora, seja dando mais oportunidades ao Rafael. Isso seria mais no esforço de se promover uma verdadeira renovação no time. E uma renovação precisa passar pelos líderes.

Como podem ver, temos um elenco qualificado, com algumas carências pontuais. Fosse eu o Mattos, me esforçaria em trazer um volante, um lateral esquerdo e um centro-avante, caso o Marcelo Oliveira insista em ter alguem nessa posição. E que seja um centro-avante mais participativo no jogo. Eu senti muita falta de mais testes por parte do Marcelo Oliveira nesse início de temporada. Penso que o Campeonato Mineiro nos serve justamente como preparação para a sequência da temporada e é o momento ideal pra se testar variações táticas, eventual mudanças de posição de jogadores e mesmo dar sequência àqueles que precisam ser observados. Vi pouco disso, o técnico parece ter muito certo o que quer do time, e não se mostrou disposto a escalar o mesmo tendo em conta as potencialidades de cada jogador. Isso aponta pra um lógica, pelo menos é o que observo, que coloca o destino desse trabalho para o futuro. Acho, inclusive, que esse elenco do Cruzeiro foi montado em um pensamento a longo prazo, e serão necessários ajustes e mudanças pontuais de jogadores para manter o esquema do Marcelo. Ao mesmo tempo que isso me deixa contente, eu acredito que com o elenco que tempos poderiamos sim montar um time vitorioso e ir em busca dos títulos já nesse ano. Não que eles não sejam possíveis, mas a verdade é que com quase todos os times deixando a Libertadores prematuramente, é certo que entrarão com tudo no Campeonato Brasileiro, e por se tratar de grupos que não sofreram mudanças tão drásticas, penso que eles saem na frente na busca dos títulos, incluindo aqui a Copa do Brasil.


Agora, tenho de concordar com o Marcelo Oliveira em uma coisa. A atuação brilhante de nossa torcida nesse segundo jogo da final do Mineiro, tanto durante a semana quanto antes/durante/depois do jogo pode ter plantado uma semente poderosa nesse time. As declarações dos jogadores já demonstraram que eles foram tocados pelo apoio incondicional e confiança que receberam. Um amigo meu, fotógrafo, que esteve no Mineirão no dia do clássico disse que nunca havia visto um espetáculo tão bonito, e que da perspectiva de quem está no gramado a coisa toda é ainda mais impressionante, me falou ainda de como isso afetou os jogadores, da gana de vitória que eles apresentaram durante a partida. Confesso que só a descrição que ele deu desse dia me deixou bastante emocionado. Essa ressonância, se mostrando duradora, pode se tornar um poderoso trunfo para o time nesse ano. Já provamos no passado que somos capazes de carregar esse time nas costas, mas a realidade é que ficamos mal acostumados com as muitas conquistas e não aceitamos muito bem esses últimos 10 anos de seca. Mesmo porque foram 10 anos de seca, mas que tinhamos bons times disputando na ponta das competições, com as tristes exceções de 2011 e 2012.
Estou muito otimista com o futuro do Cruzeiro. Acredito que ano que vem estaremos de volta à Libertadores, de uma forma ou de outra. Claro que eu prefiro que seja com uma conquista, seja da Copa do Brasil, seja da Sulamericana ou mesmo do Campeonato Brasileiro (que eu ainda acho muito difícil conquistarmos esse ano). Agora um coisa eu tenho certeza: se a diretoria continuar com o trabalho de qualidade que estão fazendo, logo voltaremos ao protagonismo nas competições nacionais e internacionais, nosso lugar de direito, ao qual estamos acostumado.

Estamos todos saudosos com os tantos gritos de campeão, mas eu sinto que existe, hoje, uma grande confiança que não vai demorar pra gente voltar a gritar!




domingo, 16 de dezembro de 2012

Por um liga mais justa!

Hoje o Corinthians tornou-se bi-campeão mundial. Muitos vão arguir que esse, na verdade, é o primeiro título, já que o do ano 2000 não deveria ser considerado. Nessa linha de raciocínio fica difícil dizer quais títulos são ou não válidos. Afinal, recentemente a CBF promoveu a unificação dos títulos nacionais pré-campeonato de 71, e até hoje se discute se devemos ou não considerar esses títulos. A história toda é uma grande bobagem, afinal para todo torcedor o título conquistado pelo seu time é válido enquanto o certo é que todos os rivais vão questioná-lo. "Vocês venceram porque foi contra o Chelsea, se fosse o Barcelona teriam perdido", muita gente diz. Será? Afinal, o próprio Chelsea venceu o time mais badalado do mundo, que foi justamente o que o levou ao mundial. Enfim, a Fifa diz que o Corinthians é bi-campeão, a CBF diz que o Corinthians é bi-campeão, quem sou eu pra contestar, então?

Mas aí muitos vão vir dizer: "mas a CBF favorece demais o Corinthians, é claro que vão dizer que são campeões". Pois é, isso é bem verdade. Os caras deram um título para eles em 2005, tentaram dar outro título para eles em 2010 (que, ainda assim, foram incapazes de ganhar), deram um estádio para eles e, agora, estão dando um patrocínio milionário vindo de um órgão público. Há de se destacar aqui que a Caixa é, na verdade, uma empresa pública, com patrimônio próprio e autonomia administrativa. Hoje eu afirmo que os dois maiores clubes do país encontram-se em São Paulo. E eu afirmo isso tendo por critérios uma série de fatores: torcida, títulos, estrutura e, mais importante, poder econômico. São Paulo e Corinthians são os clubes de maior sucesso nos últimos 10 anos, tendo vencido todos os títulos importantes que disputam. Não adianta chiar, todos os outros clubes do país correm por fora. Temos, obviamente, outros times que conseguem figurar bons trabalhos, como o Cruzeiro que em 2009 e 2010 chegou bem nas duas principais competições que disputa, o Inter que vencer a Libertadores de 2010 e o Santos, que venceu a Libertadores em 2011. Temos ainda o Fluminense, que conquistou dois brasileiros nos últimos 3 anos, time que tornou-se poderoso graças a parceria com a Unimed, que o permite disputar de igual pra igual com os dois paulistas. O Atlético ensaia um ressurgimento no cenário, mas vamos acompanhar pra ver se o trabalho feito em 2012 se repetirá em 2013 e, mais importante, se renderá frutos à torcida alvinegra.

A hegemonia do eixo atingiu o seu ápice, embora a tendência é que piore nos próximos anos. Digo isso porque com o golpe aplicado sobre o Clube dos 13 em 2011 passamos a ver uma situação aterradora no cenário futebolístico nacional: os clubes passaram a negociar individualmente os valores de cotas televisivas. Sabe em que outro lugar do mundo isso acontece? Na Espanha. Isso mesmo, naquele país onde a liga principal de futebol é disputada por dois time hegemônicos. O interessante é notar que, ali, os valores totais recebidos são menores que em outras ligas europeias, incluindo a francesa. Os dados que tenho aqui são de 2010, mas acredito que são suficientes pra vocês terem uma ideia do que estou falando.



                             

Como pode ser percebido, na Espanha os dois clubes hegemônicos recebem um valor mais do que três vezes maior do que o do terceiro colocado. Uma disparidade assustadora. Nas outras três ligas apresentadas a diferença do time que recebe mais não é tão maior assim do que a do time que recebe menos. No caso da Inglaterra, que para mim é o modelo de gestão de liga mais interessante, o primeiro clube não chega a ganhar o dobro do último clube. Mas o que, então, permite que essa distribuição seja feita de forma mais justa? Antes de responder essa pergunta faço um convite para analisarmos a situação atual das cotas televisivas no Brasil, como visto no gráfico a baixo:



Esses valores dizem respeito, justamente, ao momento de transição, quando os clubes passaram a negociar individualmente com a Globo. Até então podíamos ver uma distribuição mais igualitária, onde o Corinthians, time que recebe os maiores valores, não chegava a receber o dobro do Atlético Mineiro. Atualmente o Corinthians recebe trêz vezes mais que o Atlético. Notem que estou aqui mostrando apenas 10 dos 20 clubes Brasileiros, lembrando que os times menores, aqueles que recentemente sofreram o acesso a primeira divisão, recebem valores ainda mais desiguais. É assustadora a nossa situação, embora não chegue ainda no nível da vergonhosa Liga Espanhola.

Mas, diante desse cenário aterrador, onde seremos obrigados, provavelmente, a assistir nossos times se tornarem meros coadjuvantes, será que podemos pensar em alternativas? É claro que sim! Os times brasileiros que são desfavorecidos nessa história toda contam com um número de torcedores considerável e, juntos, conseguem sim fazer frente aos times mais favorecidos. Não acho que isso vá acontecer, sobretudo porque tenho a impressão que a burra rivalidade regional que vemos por aí impede que os times operem em conjunto por uma causa comum. Mas se os dirigentes conseguissem se organizar politicamente eles poderiam começar a fomentar uma liga privada, aos moldes da Premier League. Para quem não sabe, a Premier League é uma corporação, ou seja, ela rompe com o modelo federativo que vemos hoje no Brasil.

Na Liga Inglesa os valores de cotas são distribuídos da seguinte maneira: 70% dos valores são divididos igualmente dentre todos os acionistas (acionistas são os 20 clubes que encontram-se na série A). 15% dos valores são divididos de acordo com a audiência atraída pelos clubes. Por fim, os últimos 15% são distribuídos de acordo com a performance do clube na última competição. Ou seja, o último campeão receberá valores maiores que os últimos colocados dessa fatia (15%). Isso permite uma distribuição mais justa e que ainda opera meritocraticamente. Estamos aqui falando do modelo mais bem sucedido do mundo, que rende o maior número de vagas para a UEFA Champions League, além dos valores mais altos de cotas televisivas do mundo, quase 4 vezes maiores que o segundo colocado. É óbvio que existe disparidade na Liga Inglesa, com uma supremacia assustadora do Manchester United, com os clubes pertencentes a milionários correndo por fora, vencendo um ou outros título ao longo dos anos. Mas essa desigualdade é fruto de patrocínios, modelos mais eficientes de gestão e, se vocês acompanham a Liga Inglesa sabem do que estou falando, merecimento. Afinal, o Manchester é o time de futebol mais poderoso do mundo, sendo equipe esportiva mais valiosa do mundo. Mas mesmo o interesse de bilionários na Premier League é fruto do campeonato de qualidade que eles possuem lá, que tem visibilidade internacional.

Imaginem o seguinte cenário: os dirigentes de Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio e Inter se reúnem para discutir o futuro do esporte do país. Eles decidem, então, romper com a CBF e abandonar o Campeonato Brasileiro de Futebol. Partindo disso eles criam uma Liga Privada, nos moldes da Premier League, convidando outros clubes interessados a integrarem. Eles podem aliciar outros times que tenham interesse nisso, como os clubes do Nordeste e de outros clubes do sul. Mesmo clubes Cariocas e Paulistas, que também são desfavorecidos, como a Portuguesa, Ponte Preta e Botafogo poderiam se interessar. Assim teríamos dois campeonatos, esse, disputador por Corinthians, Flamengo, São Paulo, Palmeiras, Vasco, Fluminense e Santos, e um outros, disputado pelos outros grandes clubes, que poderia negociar os valores de cota com outras emissoras. E isso assumindo que os grandes de Rio e São Paulo não iriam se interessar em integrar a liga privada! Tenho quase certeza que o São Paulo, ao menos, mostraria interesse, tendo em vista que eles vivem tendo conflitos com a CBF. Tenho certeza que eventualmente os outros times se interessariam em integrar essa liga ou, ao menos, isso levaria a Globo a negociar de forma mais justa com os outros clubes. Uma coisa eu afirmo, com absoluta certeza. Se os times de Rio e São Paulo são favorecidos, saibam que os dirigentes dos times que torcemos são coniventes, pois existem sim alternativas ao modelo vigente de distribuição e regulamentação das ligas nacionais. Isso sem contar que em uma estrutura corporativa os clubes teriam poderes equivalentes no que tange as decisões referentes ao campeonato, como calendário, arbitragem e etc, o que dificultaria enormemente os esquemas de corrupção que acreditamos que aconteçam aqui. Eu não me lembro de histórias de esquema de arbitragem na Inglaterra...



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